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PESADELO

Conto: Pesadelo
Autor: Soaréstes Santos

Lucas acordou de madrugada assustado, pensou ter ouvido um grito. Enquanto ainda estava em um estado entre o sono e o despertar, ainda sem saber ao certo o que acontecera, decidiu levantar de sua cama e foi até a cozinha tomar um copo de água. Ao voltar para o quarto, enquanto caminhava pelo corredor de sua casa, sentiu um terror tomar conta de seu corpo. Apagou a luz e, à medida que caminhava, um tremor subia pela espinha e a impressão que seria apunhalado pelas costas.

Trancou a porta do quarto e um alívio invadiu seu ser. Parecia ter escapado da morte. Por algum tempo, Lucas permaneceu em pé, ao lado da cama. Uma inquietude insone pairava no ar. Seu quarto já não parecia seu. Ouviu um grito, agora tinha certeza o que o acordara. Correu pela janela e espiou a rua. A iluminação pública estava apagada, o que era comum na região, mas a lua cheia iluminava bem a noite. Um vulto passou rapidamente pela sua casa, não saia ao certo o que tinha visto, mas parecia uma pessoa, possivelmente uma mulher, pelo tom do grito que escutara.

Um ar gélido tomou conta do quarto, a inquietude se transformara em pavor. Ainda que seu desejo fosse se esconder, Lucas não conseguiu se afastar da janela. Alguns instantes de silêncio seguiram. Então, o jovem ouviu o som do galope de um cavalo se aproximando. Certamente estava perseguindo o primeiro vulto que passou. O ruído, que estava distante agora, se aproximava. Passo a passo, os cascos retumbavam no asfalto da rua. Um frio subiu pela espinha novamente. Pelo som, o cavaleiro já deveria ser visto. Lucas olhava fixamente para a rua. De repente, silêncio. A respiração do cavalo e do cavaleiro eram audíveis. Porém, Lucas não via nada. Paralisado pelo medo, sua única reação era tentar entender o que estava acontecendo.

O vulto surgiu sorrateiro, no outro lado da rua, na praça em frente sua casa. O cavalo relinchou. – Que loucura! – pensou o jovem. De onde vem este som? Este cavalo deveria estar em frente da janela. O Vulto se aproximava. Cada passo podia ser ouvido, o ruído das folhas secas no chão da praça ajudava a localizar o vulto. Mas ele não se movia normalmente. Embora ouvisse o som dos passos, o vulto desaparecia e surgia um passo adiante.

O cavaleiro se revelou. Num piscar de olhos, Lucas contemplou o ser reluzente. A luz era opaca, mas era possível ver um ser, como a forma de um homem, montando o esplendoroso cavalo. O vulto agora se mostrava, também. Uma criatura horripilante. Dois olhos negros, duas cavidades no meio do rosto, que deveriam ser seu nariz, e uma boca como um bico de um abutre.

- Venha bruxa! Você já não pertence a este mundo – disse o cavaleiro.

O grito horripilante ressoava pelo ar. Lucas sentiu as ondas de som atravessarem seu corpo. A bruxa irrompeu contra o cavaleiro. Aquela cena parecia mais um pesadelo bizarro. O jovem levava as mãos aos olhos, como quem imaginando que após esfregá-los, a cena desapareceria. Mas isto não aconteceu. A luta continuava quando ele percebeu outro vulto, agora no quintal de sua casa. O cavaleiro viu a movimentação e o seu cavalo saltou pelo muro.

Luca viu o vulto se erguer até a altura da janela de seu quarto. Quando o rosto da segunda bruxa se revelou para ele, o jovem perdeu a consciência.

A luz do dia iluminava o quarto. Quando sentiu o calor do sol aquecer seu rosto, Lucas despertou no chão. Que sonho maluco! – pensou ele. Tomou banho, desceu as escadas e comeu o seu pão com manteiga e café com leite, como sempre fazia antes de ir trabalhar. A primeira refeição era sozinho, pois os pais saíam mais cedo do que ele para o trabalho. O jovem pegou sua mochila e saiu. Um dia normal com sua rotina. Atravessou o portão e caminhou pela praça para pegar esperar o ônibus na parada do outro lado. Tudo parecia normal, a não ser pelas pegadas de cavalo que se espalhavam na areia do playground da praça.


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